jueves, 22 de marzo de 2012

El Quijote para oir gratis

O Departamento de Educação Cultura e Esporte do Governo de Aragón, na Espanha, colocou à disposição dos visitantes O Quixote de Cervantes em mp3, para ser baixado e ouvido gratuitamente.
Dom Quixote e Sancho Pança, por Honore Dumier
O texto do livro As Aventuras do Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha – depois da Bíblia, o livro mais traduzido e lido no mundo – está em espanhol mas, se você tem curiosidade ou está aprendendo a língua de Miguel de Cervantes Saavedra, certamente vale a experiência.
A história do Cavaleiro da Triste Figura é composta de 126 capítulos. São duas partes. A primeira publicada em 1605 e a outra em 1615. Contemporâneo de Shakespeare, Cervantes começou a escrevê-la preso em Sevilha, em 1602.
A imagem habitual do Quixote, magro e com certa nobreza, lembra meu avô materno. Muito embora ele fosse sempre sorridente e não triste como o cavaleiro.
Essa associação tão familiar surgiu quando eu era criança ainda. Havia um desenho animado com as aventuras do fidalgo. E eu entendia que as tais aventuras estavam mais para desventuras. O Quixote sempre se enganava, como no célebre episódio dos moinhos de vento, ou era enganado como em tantos outros episódios do livro.
Ainda assim, não desistia de perambular pelo mundo a imitar os heróicos personagens dos romances de cavalaria que devorara. Não só seus trajes são defasados, mas também suas qualidades, tais como bondade, doçura e uma sutil mas vasta sabedoria. Na verdade, talvez ele é que estivesse à frente do resto do mundo.
É notável que – em um tempo em que as supostas vitórias e os supostos vencedores sejam tão cultuados – uma das principais narrativas do cânone seja justamente sobre um perdedor, um loser. Também suposto.
Eu ficava pensando, enquanto assistia à animação, como podiam passar uma coisa daquelas para crianças. Era meio triste e frustrante tudo o que acontecia com ele. Ainda mais o achando tão parecido com meu avô.
Eu não entendia, na época, que Dom Quixote era daquele jeito para que eu mesmo não precisasse ser.

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